domingo, 28 de novembro de 2010

Prisões no Complexo do Alemão ficam aquém do esperado

Estimados em 600, os traficantes cercados não foram detidos pela polícia em grande número até o fim do primeiro dia de operação

Fábio Grellet, especial para o iG | 28/11/2010 18:47 - Atualizada às 19:24


    Horas antes da ocupação do Complexo do Alemão, na zona norte do Rio, pela polícia e pelo Exército, o coronel Henrique Lima Castro, porta voz da Polícia Militar, estimou em "500 a 600" o número de criminosos ligados ao tráfico de drogas que estariam escondidos nas comunidades do conjunto de favelas. Centenas deles haviam sido flagrados enquanto fugiam da Vila Cruzeiro pela TV Globo na última quinta-feira (25).


    Na operação deste domingo (28), porém, a PM admite que o número de presos está sendo menor do que o esperado. "A gente averigua todas as casas e a situação das pessoas que estão circulando pelo Complexo. Mas, é possível que algum traficante ainda não fichado consiga sair sem ser identificado como criminoso", afirmou Lima Castro, questionado sobre o número e prisões.
    Ele não informou o número de detidos pela PM, que será apresentado apenas durante entrevista coletiva de imprensa programada para as 19h deste domingo, na Secretaria de Segurança, no centro do Rio. Estima-se, porém, que não passem de algumas dezenas. "O importante é que os principais líderes do tráfico, como Zeu, Branquinho e Faustão, foram presos. Além disso, apreendemos uma quantidade de drogas e armas que eu nunca tinha visto antes", completou.
    Segundo o coronel, traficantes que tenham conseguido sair da comunidade onde moravam já estão mais sujeitos à identificação e prisão. "Quem eventualmente conseguiu fugir está em território desconhecido e sem as armas que compunham o seu arsenal. Por isso, está mais sujeito à prisão", defendeu.
    Para Beltrame, importante é a conquista do território
    Questionado sobre a fuga dos criminosos na Vila Cruzeiro na quinta-feira, o secretário da Segurança do Rio, José Mariano Beltrame, disse que o objetivo era conquistar o território e, quanto mais complexa for a operação, menor sua eficiência. Ele afirmou que as prisões são importantes, mas a eficiência da operação de devolução da região ao poder do Estado era o essencial. A operação do Complexo do Alemão, no entanto, cercou os traficantes com 800 homens do Exército e deu prazo para os criminosos se entregarem na noite de sexta (27), demonstrando que tinha como objetivo prender os traficantes refugiados. "Até o pôr do sol", havia dito Lima Castro. A noite passou e nenhum bandido se rendeu, o que culminou com a invasão das forças de segurança às 8h deste domingo.


    Foto: Agência Estado
    Drogas apreendidas em uma casa no Complexo do Alemão durante operação policial
    Neste domingo, houve informações de traficantes escapando pelas tubulações de esgoto, vestidos de evangélicos, fantasiados de mata-mosquito e de moradores em geral. Segundo a polícia, todos aqueles que não tinha documento de identificação ou cuja cédula de identidade não batia com sua características foram levados como suspeitos para que sua ficha criminal fosse levantada.

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